Salve Criadores com COVID lab

Desafio

O Brasil é um dos países mais atingidos pela crise da COVID-19. Enquanto o governo se abstém de dar apoio e uma resposta rápida em relação à pandemia, grande parte da população não teve oportunidade de cumprir o isolamento, especialmente as populações negras e periféricas.

As comunidades periféricas são as mais afetadas pela crise do COVID-19, devido à falta de equipamentos de saúde de qualidade, ao acesso a saneamento básico e a condições de moradia digna. Os canais de comunicação e os veículos de mídia tradicionais não alcançam um número significativo de pessoas neste grupo. Essas comunidades também são as que já sentem os impactos da emergência climática – mas via de regra são deixadas de fora do debate sobre clima.

Abordagem

Acreditamos que, ao compreender melhor este cenário e capacitar líderes locais, criando parcerias e fornecendo recursos para iniciativas que criam conteúdo confiável e criativo, poderemos encontrar pontos de conexão com audiências estratégicas e fortalecer lideranças negras.

Assim, essas iniciativas conseguem se tornar lideranças climáticas, além de mudar a percepção desses públicos em relação às conexões entre a crise de saúde e problemas estruturais como como justiça climática, racismo ambiental e direitos básicos.

Estratégia

Mapeamos coletivos de mídia independente e periférica de São Paulo e selecionamos quatro para trabalhar conosco, usando como critério a diversidade de territórios, linguagens e públicos.

A partir disso, criamos uma agenda de produção de conteúdos que poderiam, a partir do tema “pandemia”, conectar-se com outras agendas discutidas por lideranças periféricas, como saúde pública, educação e justiça climática.

As matérias produzidas por esses quatro parceiros iniciais serviram de referência para a produção e distribuição de conteúdo de seis influenciadores, quatro produtores de vídeo e três podcasts com os quais estabelecemos parceria durante o projeto.

Sob o selo #SalveCriadores, ao longo de dois meses, essas lideranças e criadores de conteúdo das periferias de São Paulo estimularam o debate entre juventudes negras e periféricas sobre COVID-19, saúde, saneamento básico, desigualdade e uma série de outros temas que tangenciam a vida e as preocupações das populações desses territórios.

Passamos por um processo de três etapas para o desenvolvimento da campanha, sendo:

1. Mapeamento de parceiros e fortalecimento de lideranças locais

Nesta etapa, em parceria com Mariana Belmont, articuladora local, selecionamos os projetos Alma Preta, Periferia em Movimento, Rádio Cantareira e Nós, Mulheres da Periferia.

2. Coordenação de ações coletivas e teste audiências e mensagens

A partir da agenda de conteúdos com as organizações, criamos uma estratégia para distribuição das mensagens e para testar audiências, avaliando como as diferentes discussões propostas eram percebidas por cada público.

3. Experimentando novas táticas para engajamento e fortalecimento de atores locais

Criamos uma chamada pública para selecionar e financiar três produtores de vídeo das periferias de São Paulo. Além disso, também fechamos uma parceria com três podcasts criados por produtores de conteúdo das periferias de São Paulo e seis influenciadores da cidade, os quais promoveram debates sobre os temas da chamada pública.

Fizemos parceria com seis influenciadores para que criassem conteúdo e debates sobre a pandemia, suas conexões com outras questões estruturais e seus impactos nas comunidades negras e de periferia. Fizemos parceria também com três podcasts criados por produtores da periferia de São Paulo- QuebradaPod!, Depois da Roda, & QuebraDev.

A Salve Criadores foi eficaz em atingir a juventude negra e periférica da periferia de São Paulo e colaborar com criadores locais para criar uma campanha envolvente. A seguir estão alguns depoimentos sobre a campanha:

“O Salve Criadores permitiu um respiro maior para o Alma Preta durante a pandemia da COVID-19. (…) Para além dos recursos, o Alma Preta acumulou algumas experiências bastante interessantes, como o maior diálogo com a Rádio Cantareira.”

“Desenvolver esse trabalho ao lado de outros coletivos também agregou um valor importante desde as reuniões de pauta, em que podíamos ampliar olhar sobre a temática da semana, até ter a oportunidade de distribuição dos conteúdos em todos os coletivos envolvidos, em especial, na Rádio Cantareira, ampliando nosso alcance de público e possibilitando uma maior aproximação com as rádios comunitárias para pensar em uma parceria contínua de colaboração mútua.”