A gente liga para o oceano Com Liga das Mulheres pelo Oceano
O Brasil é o 4º maior produtor de resíduos plásticos do mundo. Durante a pandemia, a poluição do plástico aumentou drasticamente. Luvas, máscaras e outros EPIs passaram a ser mal descartados e representaram uma nova onda de poluição do oceano.
Para aumentar a conscientização e a ação sobre o problema, a Purpose e a Liga das Mulheres pelo Oceano desenvolveram em 2020 uma campanha digital para inspirar mudanças de comportamento e mobilizar mulheres contra a poluição dos mares em todo o Brasil.
Desafio
A poluição dos mares vem aumentando de forma acelerada ao longo dos últimos anos. Durante a pandemia, o uso do plástico aumentou de forma considerável por conta do volume de descartáveis de delivery e compras pela internet. Luvas, máscaras e outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) estavam sendo mal descartados e começaram a representar uma nova onda de poluição oceânica. O cenário é alarmante: ele exige que coloquemos os nossos hábitos de consumo em xeque e que a gente se mobilize pelo descarte adequado de resíduos, a fim de minimizar os impactos negativos do problema.
Oportunidade
A campanha se constrói a partir de duas abordagens principais.
A primeira diz respeito ao desenvolvimento da campanha a partir do recorte de gênero – devido ao potencial de engajamento de mulheres na defesa da agenda socioambiental, comprovada por pesquisa encomendada pela Purpose (BLS Research & Consulting, 2019), e pela premissa de que transformar a vida de uma mulher transforma a vida de toda uma comunidade.
A segunda diz respeito à conexão de mulheres atletas com os mares. Valorizando os elementos culturais brasileiros, usamos como gancho a conexão entre o esporte e o bem estar com o oceano para inspirar outras mulheres a cuidarem da natureza e da vida marinha.
Teoria de Mudança
Se engajarmos mulheres atletas em uma campanha digital de mudança de percepção, hábitos de consumo e comportamento, para a diminuição da poluição plástica no oceano, nós poderemos incentivar e inspirar mulheres no Brasil a se tornarem grandes agentes de proteção do oceano, ajudando a construir uma comunidade nacional em torno dessa pauta.
Para atingir nosso objetivo principal, articulamos três objetivos específicos:
1 – Mudança de hábitos do dia-a-dia;
2 – Engajamento a longo prazo com a causa;
3 – Multiplicação de agentes amplificadores.
Ação
Desenvolvemos estratégias de segmentação de público e ações digitais para alcançar, informar, inspirar novos comportamentos e ativar mulheres contra a poluição dos mares no Brasil. Nosso principal call to action era o convite a essas mulheres para se juntarem à Liga, assim ajudando a construir e fortalecer uma comunidade nacional de apoio à proteção do oceano.
A Purpose desenvolveu a identidade visual da campanha, buscando compor elementos de aquarela e nanquim, para representar o movimento das águas, com símbolos e elementos dos mares. Dentro da estratégia da campanha, que tinha como grande público os estados litorâneos do Nordeste, também utilizamos a composição de elementos e cores da linguagem de cordel.
Criamos conteúdos abordando temas como proteção da biodiversidade, microplástico, pesca fantasma e saúde dos mares – nossos formatos principais eram animações, além dos vídeos com depoimentos das atletas.
A maior parte da população brasileira concentra-se no litoral do país. Assim, a segmentação das audiências teve como foco principalmente os estados litorâneos (ressaltando que isso não significa que trabalhávamos apenas com municípios litorâneos, mas sim com populações de estados localizados na zona costeira). Além disso, como a Liga já possuía um público concentrado na região Sul-Sudeste, priorizamos o alcance de novos públicos direcionados ao Nordeste e a fidelização de públicos do Sudeste.
As atletas participantes da campanha foram convidadas a se engajar digitalmente, postando fotos e vídeos delas no mar, em suas próprias páginas, e falar sobre sua conexão com o oceano e porque é importante protegê-lo, para seus seguidores e seguidoras.
“Como atleta tive a oportunidade de viajar e visitar muitas praias pelo mundo, paisagens deslumbrantes que infelizmente vivem em constante ameaça devido à poluição.” Neymara Carvalho
“Eu cresci na praia e o oceano tem sido meu segundo lar desde que me lembro e por isso, todo lixo que encontro na água é triste – o que já aconteceu inúmeras vezes”. Chloé Calmon
Foram 6 atletas olímpicas engajadas em nossa campanha: Bia Bulcão (esgrima), Virna Dias (vôlei), Isabel Swan (vela), Kahena Kunze (vela), Martine Grael (vela), Lorena Molinos (nado sincronizado).
Os principais impactos, podem ser observados em três frentes:
- Aumento da base: Em 1 (um) ano de formação, a Liga possuía um total de 430 mulheres. Com apenas 1 (um) mês de campanha, essa base de integrantes chegou a quase 1.800 mulheres. A campanha angariou um aumento de 300% da base de integrantes da Liga, em pouquíssimo tempo.
- Novas audiências mobilizadas: Sabemos que, no Brasil, muitas das atividades das organizações sociais estão concentradas na região Sudeste do país. Um dos nossos principais objetivos – que foi alcançado – era atingir o público do Nordeste, diversificar os integrantes do movimento. Antes da campanha, as participantes do Nordeste correspondiam a 14% da base da Liga (por volta de 60, das 430 integrantes). Em 1 (um) mês de campanha, chegamos a 42% de integrantes do Nordeste (isto é, 749 pessoas). O que traz uma nova perspectiva de atuação e de diversidade para o grupo da Liga.
- Engajamento com a pauta: Foram 47 atletas engajadas na campanha, que no total têm no Instagram mais de 1,09 milhões de seguidores. Os posts feitos pelas atletas tiveram mais de 28 mil curtidas e 1 mil comentários. Mas o mais interessante foi o alto engajamento das atletas, que demonstraram muita vontade de participar da campanha e se mostraram dispostas a dedicar tempo e atenção para divulgá-la.
“Descobrimos um imenso potencial para o movimento devido ao grande engajamento na campanha. É bom que todos queiramos fazer mais pelo oceano e possamos usar essa campanha como piloto para ações futuras ainda maiores”. Barbara Veiga, ativista e cofundadora da Liga das Mulheres pelo Oceano
Um guia digital de combate à desinformação.